quarta-feira, 8 de setembro de 2010

NOSSO LAR - Distante do livro



Neste domingo, dia 05, fui assistir ao filme NOSSO LAR, que foi baseado no livro mais conhecido de Chico Xavier, lançado em 1944.
Eu tinha muita expectativa nesta adaptação do livro para o cinema. Motivos não me faltaram, a Federação Espírita do Brasil (FEB) estava envolvida na produção, foi contratado um compositor famoso, o Philip Glass, que já realizou grandes trilhas sonoras para o cinema americano e a produção ainda contou com uma bela equipe de efeitos especiais, também americana, e com uma pós-produção toda canadense.
Só que toda minha expectativa de um belo filme foi perdida já antes da metade da exibição do longa. O filme não consegue chegar perto da obra escrita, fica distante quando analisamos as atuações do elenco, mas fica muito mais sofrível quando percebemos a falta de um roteiro coeso e fiel ao livro. As atuações, como disse, são fracas tornando difícil ao espectador se ligar emocionalmente a algum personagem, e um bom exemplo disso são todos os atores que fizeram as personagens da família de André Luiz; todos estão péssimos e desinteressantes ao público. Os diálogos em muitos momentos eram constrangedores, como na cena em que, do nada, Tobias grita para André: "André, a humanidade precisa de histórias felizes!" e André só balança a cabeça, deixando o espectador coçando a cabeça e se perguntando - eu perdi alguma coisa antes disso? O filme não tem ritmo e não explora todos os personagens principais do livro, dando a todos uma superficialidade irritante em alguns casos. Não aproveitaram histórias que, no livro, são de grande impacto emocional sobre o leitor, e para piorar, inventaram coisas bobas que não existem no livro. O que falar de uma cena em que André Luiz é enganado de forma infantil por Lísias, que o faz beber água para ficar quieto? Isso é postura de alguém com um certo aperfeiçoamento moral e espiritual? Para que mostrar os desencarnados da guerra, se isso não existe no livro? Para que mostrar símbolos de outras religiões no Nosso Lar? Sempre fui cativado pela doutrina Espírita, justamente por esta não querer impor nada a ninguém, e aí, no filme, eles colocam a doutrina como o único e verdadeiro caminho por onde todos irão passar. Na minha opinião, foi o pior erro do filme, uma total falta de respeito a outras crenças e aos ateus.
E o que falar de André Luiz? Em poucos momentos consegui identificar o André do livro no filme. Na tela, o André é muito mais abusado, arrogante e no final do filme pouco havia aprendido de fato, fazendo desta personagem um pequeno sopro do que é o André do livro.
O filme vai agradar muita gente, isso eu sei, muito mais aos que não leram o livro mas aceitam a espiritualidade. O filme carrega a mensagem do amor, da compaixão e de nossas responsabilidades nas nossas passagens por este planeta, onde o que vale é o aprendizado da alma. O sucesso deve ser comparado ao do filme do Chico, sendo o filme do médium mais fiel ao livro e à doutrina do que este que acabei de ver.

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